quinta-feira, 17 de junho de 2010

Jesus a dobrar


"Não vou desiludir quem confiou em mim". Há precisamente um ano, Jorge Jesus entrava na sala de imprensa do Estádio da Luz acompanhado de Luís Filipe Vieira e Rui Costa e confiante em recolocar o Benfica no trilho das vitórias. Prometia, ainda, que a equipa iria jogar o dobro da temporada anterior. Conquistado Portugal, JJ sonha em atingir o topo da Europa.

"Vim para ganhar títulos. Sei que é isso que os sócios querem e não os vou desiludir! Vim para fazer parte da história do clube e posso dizer que não o fiz por questões económicas, pois vou auferir o mesmo que no Sp. Braga. O que me levou a aceitar foi a convicção de que vou ser campeão nesta casa. Penso que é um objetivo realista", afirmava então o treinador nascido na Amadora há quase 56 anos (24 de julho de 1954).

A 17 de junho de 2009, o Benfica estava em período eleitoral. Vieira concorria ao terceiro mandato como presidente do clube, mas a SADpermanecia em funções. Dessa forma, o líder e o diretor-desportivo apostavam num técnico português e experiente, rompendo com o que havia sido tradição recente - Fernando Santos fora exceção entre estrangeiros.

JJ levava a lição bem estudada. "Sei que vou ser o 18.º treinador a ganhar o título de campeão", afirmava ao final da tarde daquela quarta-feira. Qual pagador de promessas, a 9 de maio último os adeptos encarnados lotaram o Estádio da Luz para assistir à partida com o Rio Ave (2-1) e festejarem a conquista do 32.º título de campeão nacional.

Para trás ficava uma temporada marcada por números como há muito não se via no reino encarnado. Em 51 jogos oficiais, o Benfica ganhou 38 (74,5 por cento), empatou 7 e perdeu 6. Em golos, a diferença foi esmagadora: 124 marcados e 37 sofridos, o que ficou a dever-se aos inúmeros triunfos gordos obtidos. Quanto a troféus, juntou a Taça da Liga ao Campeonato. Também aqui foi o dobro, já que Quique Flores apenas arrebatara a primeira.

Dois espinhos

Como qualquer rosa, a temporada das águias teve os seus espinhos. A eliminação da Taça de Portugal, em casa (0-1), diante do V. Guimarães, foi o primeiro. O segundo viria já em abril: a goleada (1-4) sofrida no reduto do Liverpool colocou ponto final no sonho das águias em chegar à final da Liga Europa.

Nessa altura o Benfica lutava, palmo a palmo, com os arsenalistas pela vitória no campeonato e Jesus optou claramente pela competição interna. A meta, essa, apenas seria cortada em primeiro lugar na última jornada.

Jesus, no entanto, alimenta o sonho europeu e já subiu a fasquia para a nova época, cuja preparação arranca a 28 de junho. "Na Champions, tudo será diferente. Quero ser campeão nacional outra vez na próxima temporada, mas se tiver a oportunidade de ser campeão europeu não vou pensar duas vezes."

Os dados estão lançados. Desde 1984 (Sven-Goran Eriksson) que os encarnados não conseguem vencer dois campeonatos consecutivos; na Champions, o melhor que alcançaram foi os quartos-de-final, em 2005/06 (Ronald Koeman). De objetivo em objetivo, Jesus propõe-se desafiar a história.

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